Audiência do namorado da vereadora Tatiana Medeiros e de outros réus por organização criminosa e lavagem de dinheiro é cancelada
01/10/2025
(Foto: Reprodução) Caso Tatiana Medeiros: 112 pessoas serão ouvidas em cinco dias de audiência
A audiência de instrução e julgamento de Alandilson Cardoso — namorado da vereadora Tatiana Medeiros —, do empresário Josimar Barbosa e de outros 14 réus acusados de organização criminosa, lavagem de dinheiro e outros crimes, prevista para esta quinta (2) e sexta-feira (3), foi cancelada.
O cancelamento foi determinado por despacho da Vara de Delitos de Organização Criminosa, emitido na terça-feira (30).
✅ Siga o canal do g1 Piauí no WhatsApp
A decisão ocorreu após o juízo ser surpreendido, no último dia 25, com a comunicação de uma ordem de habeas corpus concedida pelo Tribunal de Justiça do Piauí, que inviabiliza a realização das audiências.
“Conforme a ordem expedida, e revisando posicionamento outrora adotado por este juízo, o órgão colegiado declarou a ilicitude do RIF nº 82413.131.10527.12686 (‘a árvore envenenada’) e, por derivação, a inadmissibilidade de todas as provas subsequentes dele decorrentes (‘os frutos envenenados’)”, afirma o despacho.
Em outras palavras, o Tribunal entendeu que uma das provas centrais da acusação foi obtida de forma ilegal. Com isso, as demais provas que surgiram a partir dela também são consideradas inválidas — o que, no Direito, é conhecido como a teoria da árvore dos frutos envenenados.
Ainda segundo o despacho, o colegiado do TJ determinou que a Vara reavalie se ainda existe justa causa para o prosseguimento da ação penal, com base apenas em provas lícitas e independentes daquelas anuladas.
“Assim, é impossível a realização da audiência sem antes analisar se ainda subsistem provas autônomas para a ação penal, uma vez que o referido RIF era uma das bases da acusação”, diz o documento.
Diante disso, além de cancelar as audiências, a Vara determinou que o Ministério Público do Piauí (MPPI) — responsável pela acusação — se manifeste sobre a existência de provas válidas que não tenham relação com o material considerado ilícito.
Relembre o caso
Vereadora Tatiana Medeiros e o namorado Alandilson Cardoso
Reprodução
Alandilson Cardoso Passos teve o mandado de prisão cumprido em 3 de abril de 2024, enquanto já estava detido em Minas Gerais. Sua prisão preventiva foi decretada em 23 de março de 2025.
Em junho, ele foi incluído no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) por suspeita de usar telefone para se comunicar com Tatiana enquanto ambos estavam presos.
Tatiana Teixeira Medeiros foi presa em 3 de abril de 2025, após mandado de prisão preventiva expedido em 23 de março. Em 3 de junho, a Justiça converteu a prisão em domiciliar, com medidas cautelares, devido a doença grave, mesmo após relatos de falta grave no presídio.
A Polícia Federal apontou que a campanha que a elegeu para a Câmara de Teresina, em outubro de 2024, foi custeada com "recursos ilícitos de uma facção criminosa".
Além da prisão preventiva, a Justiça Eleitoral determinou também o afastamento dela do cargo de vereadora. O suplente da parlamentar, Leondidas Júnior (PSB), assumiu a vaga após 60 dias da medida cautelar, conforme prevê o regimento interno da Câmara.
Em 22 de maio, Tatiana, Alandilson e outras sete pessoas — incluindo familiares e assessores da vereadora — foram tornadas réus pela Justiça por corrupção eleitoral, organização criminosa e outros crimes.
Durante os dois meses em que esteve detida no Quartel do Comando Geral, Tatiana passou mal e foi internada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT) e Hospital da Polícia Militar (HPM).
Devido ao seu estado de saúde, a juíza da 1ª Zona Eleitoral de Teresina, Junia Maria Feitosa, converteu a prisão preventiva da parlamentar em prisão domiciliar.
VÍDEOS: assista aos vídeos mais vistos da Rede Clube